Subo os degraus do templo da mente e expulso todos os vendilhões e vozes galináceas que auguram o meu dia
Fecho os olhos! Subo os degraus do templo da mente e expulso todos os vendilhões e vozes galináceas que auguram o meu dia. Desenho-te num traço meigo… desenho-te, sim, só para mim! Desenho-te como nunca te vi, mas como sempre te senti. Enrolo o traço e dou-te forma, volume. Dou-te cor e sabor. Dou-te emoção, pondo em ti um pouco do meu coração. Dou-te voz, e sento-me, encantado, a apreciar a tua capacidade de fazer corresponder as palavras aos espaços vazios que há muito anseiam ser preenchidos. E sorrio…
Convido-te a patinar, livremente, por entre os segredos da minha mente. Eles revelam-se para ti. Expõem-se à tua passagem, ansiando que o teu toque os pulverize, libertando assim todo o espaço para os teus aposentos.
Recuso abrir os olhos. Receio que ao amanhecer, reveles ser apenas mais um sonho real, ao invés da por mim desejada realidade de sonho.
Romeu ©