Solta-se o beijo

Ala dos Namorados – Solta-se o beijo

Sei o teu cheiro mergulho no teu tocar
Abraças a guitarra e voas para além da lua
Amarro o beijo que se quer soltar
Espero que me sintas para me entregar

 

Espreito por uma porta encostada
Sigo as pegadas de luz
Peço ao gato “xiu” para não me denunciar
Toca o relógio sem cuco
Dá horas à cusquice das vizinhas e eu
Confesso às paredes de quem gosto
Elas conhecem-te bem
Aconchego-me nesta cumplicidade
Deixo-me ir nos trilhos traçados
Pela saudade de te encontrar
Ainda onde te deixei
Trago-te o beijo prometido
Sei o teu cheiro mergulho no teu tocar
Abraças a guitarra e voas para além da lua
Amarro o beijo que se quer soltar
Espero que me sintas para me entregar
A cadeira, as costas, o cabelo e a cigarrilha
A dança do teu ombro
E nesse instante em que o silêncio
É o bater do coração
Fecha-se a porta
Para o relógio
As vizinhas recolhem
Tu olhas-me
Tu olhas-me
Trago-te o beijo prometido
Sei o teu cheiro, mergulho no teu tocar
Abraças a guitarra e voas para além da lua
Amarro o beijo que se quer soltar
Espero que me sintas para me entregar
A cadeira, as costas, o cabelo e a cigarrilha
A dança do teu ombro
E, nesse instante em que o silêncio
É o bater do coração
Fecha-se a porta
Para o relógio
As vizinhas recolhem
Solta-se o beijo, o gato mia
Solta-se o beijo, o gato mia
Solta-se o beijo, o gato mia
Tu olhas-me
Tu olhas-me
Solta-se o beijo, o gato mia
Solta-se o beijo, o gato mia
Solta-se o beijo, o gato mia
Espreito por uma porta encostada
Sigo as pegadas de luz
Peço ao gato “xiu” para não me denunciar

Desejo de Outono

  A minha mente percorre-te enquanto o teu beijo entra em mim e me desabotoa o desejo © A brisa fresca do outono inveja o teu bronzeado suave e sedoso e fustiga os botões da tua camisa, esticando-a contra o teu corpo, como se tivesse umas mãos invisíveis e gigantes e com …

Pecado

© Já não sabes o caminho para a porta… Deambulas pela casa sem certezas, tentando fugir a cada esquina. Quem entrou? Quem vem lá? Quem no seu cavalo alado se fez convidado? Por quem se abriu a porta? Foges para ser apanhada, corres para ser parada, deixas para trás o sapato para …

Luz

Sentado numa escadaria fria, tento encarar o Sol já enfraquecido pela hora do seu poente. O calor ténue do seu último raio ainda me atinge a face, como que num esforço celeste para se fazer recordar antes de devanecer.

Contrasta com o frio que se ergue da escadaria e me tenta para as trevas, invejando os últimos momentos do dia. Fecho os olhos e sinto-te. Sinto os teus lábios percorrendo a minha face, apenas do lado iluminado, do lado quente como se o teu toque viesse num raio de Sol e impedisse as trevas de se apoderarem de tudo o que sou.

Quero mais.

Levanto-me com a vontade que esse teu raio de Sol me devolve e elevo-me a uma altitude inalcançável pelas trevas, procurando o lugar onde possa estar sempre tocado pelo teu calor, pelo teu amor, procurando que me rodeies, que me aqueças, que me vires do avesso e me faças brilhar.

Mas abro os olhos e vejo a escuridão de uma noite sem ti, o lento e agoniante anoitecer sem te ter ao meu lado ao alcance de um abraço, à distância de um beijo apaixonado. Quero-te.

Quero poder mostrar ao Sol que continuo aconchegado enquanto ele arrefece, continuo iluminado mesmo quando ele não entra pela vitrina, que continuo de pé mesmo quando ele se deita.

Quero poder contar-lhe que sei como é a sua luz, que a sinto todas as noites quando fecho os olhos e encostas a cabeça descansada no meu peito, que sei como é o seu calor quando sinto a tua respiração no meu pescoço, que a suavidade daquele último raiar do dia está em cada beijo que o teu coração guarda para mim.

Ilumina-me.

 

Romeu©

Razão

© Do alto dos teus saltos estendes um longo manto de indiferença com a tua passagem. Ele destrói sonhos de quem olha para ti com paixão, com a vontade de uma vida. Mas eu escondo os meus sonhos nos recantos mais longínquos e íntimos do meu coração, esperando mantê-los a salvo do teu manto destruidor, alimentando-os com a tua saudade quando não estás por perto, pois são apenas eles que devolvem ao meu coração a vontade de bater, a vontade de viver!

Mas os sonhos cresceram e o seu esconderijo já não é mais suficiente para os albergar em segredo. Vão explodir e fazer o meu amor por ti transbordar, derramado em cima do teu manto, pois o meu coração já não tem força para esconder o que se tornou maior que ele próprio, mais forte que ele próprio, mais real que ele próprio. Olho com desespero o sonho a esvair-se entre os meus dedos, que aperto, numa tentativa desesperada de o salvar do teu alcance, mas em vão. Só que este sonho acreditava nele próprio e dizimou o teu manto protetor com a incandescência do seu desejo, sobrepondo-se a todos os nossos pensamentos, vontades e crenças. Deixou-nos frente a frente, olhos nos olhos, obrigados a enfrentar a sua força, a sua razão.

Já não tens manto, já não tenho sonho. Fez o seu trabalho e legou-nos a nossa realidade: O nosso amor!

Amo-te.

Romeu

Saudade

© Fim de tarde. Caio cansado numa duna perdida, numa tentativa desesperada de encontrar força, força para te esquecer, força para extinguir o fogo que outrora ateaste em mim com esse teu beijo amaldiçoado e me tem consumido, maré após maré, sem nunca me dar descanso. Com os dedos enterrados …

Olá Ju,

Vem dançar comigo

Que esta noite sou só teu

Diz ali ao teu amigo

Que eu é que sou o Romeu.

 

Dá-me a honra da tua mão

E põe-te em bicos de pés

Deixa que te diga de antemão

Que gosto de ti como és.

 

Tras, frente, esquerda, direita

Esse movimento me seduz

Para fazer a coisa bem feita

Tens de despir esse capuz.

 

Por baixo desse vestido

E todo esse corpete armado

Está o que haveis prometido

A este seu bem amado.

 

Na hora de fazer o amor

Com delicadeza te vou deitar

Para sentir o meu calor

E satisfeita poderes ficar.

 

Na varanda te agarro

Na varanda me confesso

Fumas o teu cigarro

E casamento te peço.

 

Romeu